Nos humanos, os ácidos graxos não podem originar glicose, mas o glicerol pode, embora em quantidades mínimas.” A quantidade certa: nem muito nem muito poucoĭefinitivamente, todos os alimentos que ingerimos acabam, em maior ou menor medida, sendo transformados em glicose, ou seja, em energia para o organismo. “A gordura se armazena em forma de triacilglicerídeos (uma molécula de glicerol e três de ácidos graxos). Também se gera glicose a partir de subprodutos das gorduras chamados corpos cetônicos, os quais, em situações de hipoglicemia (baixo conteúdo de açúcar no sangue), podem suprir essa carência.” Outras fontes de energia são os ácidos graxos. “Além de obtê-la através da alimentação, nosso corpo pode sintetizá-la a partir do glicogênio, um polissacarídeo armazenado no fígado e, em menor quantidade, nos músculos.
“De fato, se uma pessoa adotasse uma dieta livre de açúcar isso não representaria nenhum problema: o organismo tem vários mecanismos para obter glicose”, aponta De Cangas. Todos os alimentos que ingerimos acabam sendo transformados em glicose, especialmente os carboidratos: cereais, tubérculos, leguminosas, laticínios, frutas e hortaliças Entretanto, embora seja um açúcar simples, ou monossacarídeo, não é preciso comer açúcar nem alimentos doces para que o organismo conte com a quantidade necessária, um argumento ao qual frequentemente a indústria alimentícia recorre para justificar a inclusão de açúcares nos seus produtos. De onde tiramos a glicoseĪ glicose, portanto, é um componente essencial para a vida, e especificamente para o correto desenvolvimento das funções cerebrais. Por isso, embora o cérebro represente menos de 2% do peso corporal, gasta até 20% da energia total que o organismo fabrica a partir da glicose é o seu principal consumidor. No cérebro de um indivíduo adulto, acrescenta ele, a maior demanda por energia procede dos neurônios, que têm gostos exigentes: para elas a glicose é primordial, porque, diferentemente das células comuns, que também obtêm energia de outras fontes, os neurônios dependem quase que exclusivamente dessa substância.
O cérebro especificamente consome 5,6 miligramas de glicose por cada 100 gramas de tecido cerebral por minuto, segundo Ramón de Cangas, da Academia Espanhola de Nutrição e Dietética. Mas por que, se a glicose é fundamental para o funcionamento do cérebro, não é bom que comamos açúcar? Como o cérebro ‘come’ açúcarĪ glicose – o termo vem do grego e significa algo como “açúcar de mosto” – é um composto orgânico muito comum na natureza, uma forma de açúcar formado por grandes moléculas que, através da chamada oxidação catabólica, se transforma em moléculas menores e mais simples, um processo que libera uma importante quantidade de energia utilizada para realizar o conjunto de reações químicas e fisicoquímicas que ocorrem em todas as células vivas do organismo, o que se conhece como metabolismo. Neste ano, também a indústria alimentícia entrou num processo de reformulação de seus produtos para reduzir esses açúcares, além do sal e das gorduras saturadas. No entanto, a OMS recomenda reduzir o consumo de açúcar livre (o que se acrescenta, não o que se encontra de forma natural em alguns alimentos como a frutose, nas frutas, ou a lactose no leite) a menos de 10% da ingestão calórica total do dia, e inclusive estimula que esse consumo seja inferior a 5%, pois isso “produziria benefícios adicionais para a saúde”.